Que belo estranho dia pra se ter alegria
Roberta Sá
"Roberta Sá surpreende com seu segundo disco." Você já ouviu ou leu isso nos últimos dias, não?
Pois não acredite. Surpreenderia se o CD fosse ruim. Na verdade, Roberta Sá não é surpresa para quem já conhecia o primeiro CD (Braseiro, Universal, 2004), ou já a curtia ao vivo. Nesse disco ela só confirma o que sabíamos: uma cantora emocionante, com um timbre belíssimo, uma enorme capacidade de descobrir belas melodias e arrebatar qualquer ouvinte com vibrantes interpretações.
Roberta alterna com graça climas intimistas e extrovertidos, criando novas canções como só grandes cantoras sabem fazer. Pra completar, amolda clássicos à sua voz com muita personalidade.
A festiva Girando na Renda, de Pedro Luiz, com a qual empolgou o público do Festival Cultura, em 2005, finalmente é registrada. Composições de novos autores, como Rodrigo Maranhão, Edu Krieger, Junio Barreto ouMoreno Veloso se mesclam de forma coesa com pequenos tesourosredescobertos de Roque Ferreira (o sensacional samba-de-roda Laranjeira), Sydnei Miller (Alô Fevereiro), Carvalhinho (Interessa?), Dona Ivone Lara e Délcio Carvalho (Cansei de Esperar Você). A faixa de Lula Queiroga inspira o nome do disco e reafirma a nobre mistura que faz Roberta entre a moderna poesia e a tradição musical brasileira, destilada com capricho.
Dividindo faixas com Pedro Luiz, Lenine e o bandolim de Hamilton de Holanda, ela brilha ainda mais. Quem suporia que depois de um solo maravilhoso de Hamilton a voz de alguém conseguiria ir mais além? Roberta consegue, e arrepia.