Pra Marte
Mauricio Pereira
Mauricio Pereira tem sua obra ligada à moderna canção paulista, e sempre mesclou toques experimentais e uma poética meio pop, com uma dicção muito particular.
Essa característica já se evidenciava nos tempos de Mulheres Negras, dupla formada com André Abujamra, que marcou época. Foi aprofundada nos trabalhos-solo, a partir de 1995, e é depurada neste novo trabalho, que foi patrocinado pelo Programa Petrobrás Cultural e é distribuído pela Lua Music.
Pereira se renova, refina a poesia e expande o espectro musical. Além das baladas e rocks leves, pisa no terreno da moda caipira, brinca com o bolero e a canção mais folk. Assina sozinho a maioria das faixas e coloca música em um poema de Adélia Prado (Pranto pra Comover Jonathan). A faixa de abertura (Pra Marte) é um surpreendente samba-choro, parceria com o velho companheiro Daniel Szafrán, tecladista que acompanha MP em várias formações.
A banda formada para a gravação conta com as guitarras e violões de Tonho Penhasco e Luiz Waak, também integrantes do Turbilhão de Ritmos (outro projeto de Mauricio) mais o baixista Mano Bap e o baterista Leandro Paccagnella.
A inquietação estética de Mauricio Pereira é traduzida de diversas formas. Há canções infantis (O Dourado e Responde Visconde), humor (A Loira da Caravan), letras bilíngües (Toscana), imagens surrealistas (Um Teco-teco Amarelo em Chamas, Truques com Facas) e vários momentos de boa poesia.
Mauricio Pereira prova, mais uma vez, que a música pop brasileira pode ser inteligente.
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