Revista Música Brasileira

Pedro Luiz e a Parede lançam um disco de inéditas, coisa que não faziam desde 2001. Produzido por Lenine, que compôs (com PL) e canta uma das faixas (4 Horizontes), o conjunto de canções do CD Ponto Enredo (distribuição EMI, 2008) aprofunda as relações do grupo com as origens afro do samba, mantendo aquela batucada infernal que se tornou sua marca registrada.

Pedro Luiz talvez não seja o melhor intérprete das próprias canções mas, sem dúvida, compõe coisas originais, o que não é pouco nos dias de hoje. Vai de pontos de terreiro até cirandas e batuques, com uma sonoridade inconfundível, meio improvisada, meio sofisticada, fortemente apoiada na percussão. Espécie de “mangue-beat carioca”, mistura guitarras e overdrives às bases percussivas do samba de origens mais profundas.

Aos poucos, a audição da bagunça musical da PLAP vai revelando sutilezas dignas de nota. A participação de Roberta Sá é um toque de graça na faixa Luz da Nobreza. Muito longe do pop feito pra tocar no rádio, mas mantendo prudente distância das fórmulas gastas do samba-pop, do pagode romântico ou do samba de raiz, Ponto Enredo trafega por uma quarta via, capaz de conciliar invenção e diversão.