Revista Música Brasileira

Mariana Baltar acreditou na existência dourada do sol, juntou-se ao grupo Água de Moringa e fez um grande disco sobre a obra de Aldir Blanc.
O objetivo principal foi resgatar a canção-título, “Os Arcos - Paixão e Morte”, suíte gravada para o primeiro LP de João Bosco e descartada pela gravadora. Mas Mariana vai muito mais longe.
Sem temer o fantasma de Elis, enfrenta com galhardia “O Cavaleiro e os Moinhos” e “Querelas do Brasil”. Assim como faz com “Nem Cais, Nem Barco”, que também veio à luz através de uma grande voz, Leny Andrade. Vai “Da África à Sapucaí” com “Alafim” e “Plataforma”.
Três integrantes do Água de Moringa aparecem também em parcerias com Aldir. Jayme Vignoli e Luiz Flavio Alcofra na cortante “Oração Perdida” (“o amor é meu pastor, tudo me faltará”) e Josimar Carneiro, na inédita “A Cúmplice das Noites”, melodia inspirada que já o coloca no nível dos grandes parceiros de Aldir.
Outra inédita é “Cara e Coroa”, parceria com Cristovão Bastos em que Aldir volta ao tema do romance entre um homem maduro e uma jovem, dessa vez sem final feliz (“nas cinzas de um carnaval escrevi o teu nome”).
Há de se destacar os arranjos de Jayme, Luiz Flávio, Josimar, Cristóvão e Marcílio Lopes, de rara sensibilidade, colocando sempre em primeiro plano a bela voz de Mariana e a poesia primorosa de Aldir.
Nesses tempos sombrios, “Os Arcos” é um daqueles poucos trabalhos da série “nem tudo está perdido”. Não deixem de ouvir!