Revista Música Brasileira

Paulo Malaguti Pauleira

A sentença pode chamar a atenção: “O legado de Tom Jobim e da bossa nova é uma dádiva e um estorvo para o músico-compositor brasileiro e, principalmente, carioca”. Ao pé da letra, a declaração do instrumentista, cantor e compositor Paulo Malaguti Pauleira pode parecer malcriação; mas, ao acabar de ouvir o seu primeiro CD solo (ele tem três discos gravados com o grupo Arranco de Varsóvia, do qual é um dos criadores), Larga do meu pé, bossa nova (Multifoco Música) fica-se com a sensação de que a intenção do artista caminha mais pelos acordes da reverência. Sobretudo , por conta de sua voz harmônica, de lampejos buarqueanos, suas letras, melodias e arranjos de quem, mesmo tendo morado muito tempo fora do Brasil, tem sangue bossa-novístico-brasileiríssimo nas veias. De formação inicial junto ao rock and roll e pós-gradução no samba – via Arranco (que tem participação especial no disco), Malaguti mostra com o seu Larga do meu pé que é também um bom compositor, de melodias suaves e letras elegantes, para as quais sua voz dá perfeitamente a conta do recado. Bonito (e inventivo) disco.