Perfil

Sidney Mattos: a música em sua essência

Por Victor Torvi - 23/12/2010

Sidney Matos começou desde pequeno a se dedicar a instrumentos musicais. Primeiro o piano, depois a guitarra,o canto etc. É um profissional de entrega total à sua arte e participa de todas as etapas da fabricação e realização de seus trabalhos.

Lançado este ano, o CD Desafio define bem no que o artista acredita. Trata-se de uma regravação que acabou não sendo lançada e que o multi-instrumentista enxergou um potencial grande: Seu décimo trabalho autoral é mais do que apenas música – é uma homenagem a um grande amigo já falecido.

Com letras de Jorge Neguinho, esta obra da música popular possui características de um som bem particular e se diferencia dos demais, talvez pelo fato de vir da cena independente. O título de seu CD passa a mensagem de encarar a vida sem medo, não desviar de seus obstáculos.

Segundo o músico seu ”maior desafio foi readaptar-se a sua vida dada a paralisia que faz parte hoje de seu cotidiano, e o desafio maior pra frente será continuar acreditando no poder socializador de sua música e ter seu trabalho reconhecido”.

Desde os anos 70 Sidney fazia parte do MAU (Movimento Artístico Universitário) e tocou com caras como Ivan Lins e Gonzaguinha. O que alavancou ainda mais seu talento musical, pois nas próprias palavras dele, “tocar com essas pessoas me fez tocar mais, compor mais”; O MAU de forma independente forneceu uma maior visibilidade aos que faziam parte dele.

Mas como falar sobre os anos 70 sem comentar sobre o que realmente ocorreu naquela época, o cenário político que principalmente os artistas se depararam? “A música brasileira foi um canal de acesso que ajudou a criar uma abertura política, para que hoje possamos estar vivendo o regime democrático”, segundo o multi-instrumentista.

Procurando sempre um desafio maior, Sidney foi parar na Índia, lugar aonde encontramos a espiritualidade em sua essência. Buscou sua evolução musical e desenvolveu sua parte rítmica, melódica e harmônica.

“Os indianos tem facilidade em improvisação e transmissão de conhecimentos por meio da arte”, garante ele.

Após a volta ao Brasil, Sidney Mattos encarou a morte de Gonzaguinha como fato marcante para que ele refletisse sobre sua vida. Foi dar aula na rede municipal de ensino, na década de 90. Lidando com crianças, viu o seu trabalho como arte-educador se fortalecer, e assim nasceu um núcleo para ser trabalhado dentro das escolas que foi batizado de NEAE (Núcleo experimental de arte e educação).

Tocando seu trabalho, o músico ainda passou por um drama, após saber que tinha um problema neurológico. Ficou impossibilitado de continuar desenvolvendo sua grande paixão, o violão. Hoje enxerga a vida de outra forma, mas não desiste de seu sonho utópico de mudar o mundo, sempre de bem com a vida.

Para ter acesso aos trabalhos de Sidney Mattos: www.myspace.com/sidneymattos ou www.neae.com.br.