Outras notas musicais

Roberto Martins, genial e esquecido

28/06/2011

Você conhece ou conheceu o pedreiro Valdemar? Aquele mesmo, que fez tanta casa e não tinha casa para morar? Que de madrugada pegava o trem da circular? Não conhece nem o conheceu? Não podemos mais apresenta-lo, mas é possível apresentar um dos autores deste samba memorável (Predreiro Valdemar, maior sucesso do Carnaval de1949), Roberto Martins, que o compôs em parceria com outro biscateiro de alto nível da música brasileira, Wilson Batista. Quem imortalizou a canção foi Blecaute, o general-da-banda, outro desses gigantes esquecidos.

Pouquíssimo conhecido, se considerarmos sua imensa obra musical, Roberto foi um dos grandes, do nível de Wilson, de Mário Lago, de Nássara, de Mário Rossi, de Eratóstenes Frazão. Não por acaso, foi parceiro de todos esses citados. Só para lembrar, com Mário Lago compôs jóias como Leva meu coração (“Leva meu coração, que ele é teu/Leva que está pesando em meu peito”, regravado delicadamente por Moacyr Luz, no CD Na galeria), entre tantas outras – Moacyr já regravara anteriormente outra obra-prima do mesmo autor, Não deves sorrir assim pra mim, no disco Mandingueiro. Martins foi um dos reis da folia e seu primeiro grande sucesso é do Carnaval de 1945, O cordão dos puxa-sacos, feito em parceria com Frazão e gravado pelos Anjos do Inferno.

O carioquíssimo Roberto Martins nasceu no Rio de Janeiro, em 1909. Órfão de pai com um ano de idade, estudou em escola pública e começou a trabalhar ainda menino, com 12 anos, para ajudar a família. Como todos aqueles que formam o caráter na luta, combateu o bom combate e fez o seu nome, com dignidade e talento, no cenário (à sua época, já disputadíssimo) da MPB. Ao partir, no dia 14 de março de1992, deixou o que todo homem de bem almeja: um nome limpo e admirado, para ser lembrado para sempre e por todos.
 

Rixa de bambas

Eu sou o Rei do Samba”. (Sinhô)
Sinhô é o rei dos meus sambas”. (Heitor dos Prazeres)
Ora, Heitor, deixa disso. Samba é como passarinho, meu caro. É de quem pegar primeiro” (Sinhô)

(Não se sabe quando o diálogo ocorreu e nem mesmo se ocorreu realmente Mas faz parte do folclore da música brasileira)
 

Perólas finas da MPB

Perdão foi feito pra gente pedir

(Ataulfo Alves/Mário Lago)


Dois em um

Eu costumo dizer que lá em casa minha mulher tem dois maridos, tem o sambista e o intelectual. O intelectual paga a pesquisa do sambista. Aliás, o sambista paga a pesquisa do intelectual. Mas as pretensões do intelectual são pequenas. Então, não precisa dinheiro não”.

(Nei Lopes, em depoimento na TV Cultura, em 1999)