Memória

O centenário de Marino Pinto

Por Alberto Buaiz Leite - 25/07/2016

Muitos compositores brasileiros compuseram centenas de músicas, mas não tiveram o reconhecimento merecido. Marino do Espírito Santo Pinto foi um deles. Nasceu em Bom Jardim-RJ, em 18 de julho de 1916, e veio para o Rio de Janeiro aos 11 anos de idade, indo estudar no Ginásio São Bento. Em 1934 ingressou na Faculdade de Direito, mas não terminou o curso, passando a dedicar-se ao Jornalismo.


     O trabalho na Imprensa levou-o a freqüentar o meio artístico e era comum vê-lo no Café Nice, onde conheceu e ficou amigo de grandes compositores, como Ataulfo Alves, seu primeiro parceiro. Em 1943 deixou o Jornalismo, trabalhou no Comércio e em 1945 decidiu dedicar-se, exclusivamente, à Música.


     A carreira de compositor teve início, em 1939, com a gravação do samba Fale Mal Mas Fale de Mim, em parceria com Ataulfo Alves e sucesso na voz de Aracy de Almeida. Teve inúmeros parceiros como Wilson Batista, Mario Rossi, Herivelto Martins, Paulo Soledade, Zé da Zilda, Tom Jobim e muitos outros. Sua obra foi cantada por renomados intérpretes como Elizeth Cardoso que gravou um LP só com músicas suas; Orlando Silva que lançou o grande sucesso Aos Pés da Cruz, parceria com Zé da Zilda; Dalva de Oliveira que gravou Estrela do Mar, parceria com Paulo Soledade; 4 Ases e 1 Coringa responsáveis pelo lançamento de Cabelos Brancos, parceria com Herivelto Martins e Francisco Alves que gravou, para o Carnaval de 1951, a marchinha Bota o Retrato do Velho, parceria com Haroldo Lobo.


     Marino Pinto tinha consciência das dificuldades enfrentadas pelos autores em relação aos direitos autorais. Assim, em 1946, junto com outros compositores, fundou a SBACEM ( Sociedade Brasileira de Autores Compositores e Escritores de Música ), tendo sido seu presidente por três mandatos.


     Apesar do pouco tempo de vida, Marino compôs cerca de 300 músicas, geralmente como letrista. Viveu 48 anos e faleceu, de enfarte, em 28 de janeiro de 1965, no Rio de Janeiro. Foi sepultado em Bom Jardim, como era seu desejo, e após sua morte a cidade prestou inúmeras homenagens ao compositor. Em 1975 a Escola de Samba Unidos do Abafa desfilou com um belíssimo enredo sobre ele. Em 1989 a prefeitura organizou o evento Bom Jardim canta Marino com a presença de Carlos José e Ellen de Lima e em 15 de julho passado a Secretaria de Cultura promoveu um espetáculo musical pelos 100 anos de seu nascimento.