Memória

João da Baiana e do pandeiro

Por Luís Pimentel - 23/03/2007

Sei que Pixinguinha se chamava Alfredo Viana. Que o verdadeiro nome de Donga era Ernesto dos Santos. Mas, e o João da Baiana, como era mesmo o nome completo da fera? Pouco importa. Ficou bom assim, bem simples, e com um sobrenome que é a cara do samba: da Baiana. Também poderia se chamar João do Pandeiro, numa homenagem ao instrumento que fazia parte de sua vida e que ele aprendeu a tocar com mãe, Tia Presiliana de Santo Amaro (ele era o mais novo de uma família de 12 irmãos), e nas andanças festivas pelos casarões de Tia Ciata e de tantas outras tias (baiano gosta muito de tio, tem sempre um monte deles) pelas imediações da Praça Onze, da Central do Brasil e do Estácio.

Pois o bom João, que era amado por Donga, por Pixinguinha, por Ismael Silva, por Paulo da Portela, por Nelson Cavaquinho, por Sérgio Cabral, por Cristina Buarque e por todos os brasileiros fez aniversário de morte por agora. Deixou a boemia para organizar sambas de roda nas alturas no dia 12 de janeiro de 1974. Nascera no século retrasado, em 1887 (no dia 17 de maio).

Compositor popular, João da Baiana não chegou a alcançar popularidade. Deixou canções mais ou menos conhecidas, como Pelo amor da mulata, Mulher cruel, Pedindo vingança e O futuro é uma caveira, além de integrar grupos musicais de samba com o Conjunto dos Moles, Grupo do Louro, Grupo da Guarda Velha e Diabos do Céu. Só conheceu o sucesso no fim da vida, quando gravou com Pixinguinha e Clementina de Jesus o histórico LP Gente da antiga, produzido por Hermínio Bello de Carvalho, onde lançou os lindos sambas Cabide de molambo e Batuque na cozinha – esse último regravado por Martinho da Vila.

Foi um bamba. E dos bons.