Memória

Centenário de Cyro Monteiro

Por Luís Pimentel - 18/04/2013

Ele estaria fazendo cem anos redondinhos neste maio (dia 28) de 2013. O grande cantor que nos deixou há quarenta anos (também redondos, em 13 de julho de 1973), jamais deixou de ser lembrado: por quem o viu cantar, por muitos que só conheceram sua voz bem depois, das gravações, e também pelos jovens intérpretes de samba – os que perseguem a linhagem nobre dos belos intérpretes, onde Cyro pontificou e foi depois seguido por nomes como Roberto Silva, Roberto Ribeiro, Walter Alfaiate, Emílio Santiago e tantos outros bons canários da terra.


O Formigão – apelido que ganhou dos amigos e que carregou pela vida inteira – virou cantor por influência de um tio, o maestro Nonô, e o primeiro sucesso pipocou em 1938, quando gravou Se acaso você chegasse (que ele chamava de “meu hino nacional”), criação imortal de um compositor gaúcho também iniciante chamado Lupicínio Rodrigues.  A voz suave e encorpada, cheia de ginga, bailando na síncope musical, caiu feito uma luva para os compositores de sambas. Daí em diante vieram gravações espetaculares de obras de Roberto Martins, Mário Rossi, Ary Monteiro, Wilson Batista e Cyro Monteiro conquistou definitivamente o Brasil em 1942, com a gravação do samba Falsa baiana , do mangueirense Geraldo Pereira, compositor de quem veio a gravar depois inúmeros sucessos, sendo o maior deles o malandríssimo Escurinho.


Flamenguista dos mais apaixonados, boêmio de boa estirpe e carioca em tempo integral, Cyro gravou obras-primas como Beija-me (Roberto Martins e Mário Rossi, 1943), Botões de laranjeira (Pedro Caetano), Meu pandeiro (Luiz Gonzaga e Ary Monteiro), Rosa Morena (Dorival Caymmi), O amor e a rosa (Pernambuco e Antonio Maria), A mesma rosa amarela (Capiba e Carlos Pena Filho), Emília (Wilson Batista e Haroldo Lobo), Filosofia (Noel Rosa), Izaura (Herivelto Martins e Roberto Roberti), Jura (Sinhô) e Rugas (Nelson Cavaquinho, Augusto Garcez e Ary Monteiro.