Homenagens

Roberto Silva – cinco anos de saudade

Por Alberto Buaiz Leite - 26/09/2017

     “Fui abençoado por uma voz que me permite cantar de tudo, como canção, valsa, baião e até bolero. Mas é com o samba que mais me identifico”. Esta declaração de Roberto Silva traduz a grandeza de um dos maiores intérpretes de nossa música. Roberto Napoleão, seu verdadeiro nome, nasceu no Morro do Cantagalo, no Rio de Janeiro, em 09 de abril de 1920 e faleceu em 09 de setembro de 2012, aos 92 anos. Cantou até o fim da vida, com o mesmo entusiasmo do início de carreira.


     Sua estréia deu-se em 1938, na Rádio Guanabara, no programa “Canta Mocidade”. Na década de 1941 atuou, também, nas rádios Mauá, Nacional e Tupi. O “Príncipe do Samba”, título dado a ele pelo locutor Carlos Frias, da Rádio Tupi, gravou seu primeiro disco na Continental, em 1946, mas foi em 1958 que despontou para o sucesso maior, com a gravação, pela Copacabana, de seu primeiro LP “Descendo o Morro” que teve, nos anos seguintes, sua sequência com o lançamento dos volumes 2, 3 e 4 do mesmo título.


     Nas décadas de 1960 e 1970 gravou bastante, fez apresentações em outros estados e chegou a ser contratado, por dois anos, pela TV Excelsior. Foi responsável pela divulgação de grandes sucessos de famosos compositores, como “Agora é Cinza”, de Bide e Marçal, “Aos Pés da Cruz”, de Zé da Zilda e Marino Pinto, “Falsa Baiana” de Geraldo Pereira, “Mãe Solteira” de Wilson Batista e Jorge de Castro, “Juracy” de Antonio Almeida e Cyro de Souza, “Emília” de Haroldo Lobo e Wilson Batista e tantos outros.


     Apesar desta trajetória artística vitoriosa, ficou um pouco esquecido a partir da década de 1980. Foi lembrado pelo cantor João Gilberto quando, numa entrevista, em 1991, mencionou Roberto Silva como um dos grandes nomes da música brasileira. Este fato chegou ao conhecimento da redação do jornal “O Globo” e lá muitos não conheciam o cantor. Mas o jornalista Alvaro Costa e Silva, o “Marechal”, da Editoria de Esporte, mas grande conhecedor da nossa música sabia quem era Roberto Silva e, a pedido do editor do jornal, fez uma matéria sobre o cantor. Isto fez com que ele voltasse a ser lembrado, chegando a lançar o CD “Roberto Silva canta Orlando Silva”, pelo selo Marcos Pereira, em 1997.


     A fama foi retomada na década seguinte. Em 2002 protagonizou o espetáculo “O Samba é Minha Nobreza” apresentado no Teatro Odeon, no Rio de Janeiro e que resultou na gravação de um CD duplo.
O sucesso destas apresentações culminou, neste mesmo ano, com o lançamento do CD “A Volta Por Cima”, pela Universal Music, um dos mais belos discos de sua carreira. Nos anos seguintes fez apresentações em teatros e casas de espetáculo, sempre com muita receptividade do público.


     Há cinco anos este grande artista nos deixou. Simplicidade, amizade e simpatia sempre fizeram parte de sua personalidade. Roberto Silva foi, sem dúvida, um dos maiores representantes da música brasileira.