Homenagens

Roberto Ribeiro: 20 anos de saudade

Por Alberto Buaiz Leite - 24/01/2016

A típica alegria, dos primeiros dias de janeiro, em decorrência da chegada de um ano novo, foi interrompida, em 1996, por uma triste notícia, recebida pelos brasileiros, no dia 8 deste mês: faleceu hoje, aos 55 anos, vítima de um atropelamento, no Largo do Anil, em 2 de janeiro, o cantor Roberto Ribeiro.

     Após vinte anos de sua morte, o artista nunca foi esquecido. Seus discos ainda são vendidos e, nas boas rodas de samba, seu repertório ainda é cantado; sejam os sambas de sua autoria, ou os que gravou de outros compositores.

     Dermeval Miranda Maciel, nome de batismo de Roberto Ribeiro, nasceu em 24 de julho de 1940, em Campos, município do Rio de Janeiro. Lá iniciou sua carreira em programas de calouros da rádio local. Foi gongado na primeira vez que se apresentou, mas não desistiu e numa segunda oportunidade venceu o concurso, recebendo um prêmio em dinheiro. Foi a porta que se abriu para prosseguir sua carreira, passando a cantar em casas noturnas da cidade.

     Veio para o Rio de Janeiro, no início da década de 1960, com o intuito de impulsionar sua carreira artística, mas também tentou a profissão de jogador de futebol, chegando a treinar no Fluminense. Roberto já havia jogado no Goytacaz, de Campos, como goleiro. Entretanto, o samba mudou seu destino. Aqui cantou em vários programas de rádio e participou de algumas gravações, muitas vezes, fazendo coro. Foi quando conheceu a compositora Liette de Souza, sua futura esposa, que o levou para o Império Serrano, em 1969. A escola de Madureira já era sua paixão desde 1955 quando o Império fez um desfile em Campos, deixando-o fascinado. Passou a fazer parte da ala de compositores da escola e tornou-se seu puxador oficial, em 1971, exercendo a função até 1981.

     A década de 1970 foi decisiva para sua carreira. Além da projeção, conquistada no Império Serrano, onde chegou a vencer dois sambas de enredo, assinou contrato com a gravadora ODEON e lá gravou muitos LPS, até a década de 1990, conquistando vários discos de ouro. Suas apresentações tornaram-se frequentes, no Brasil e no exterior, chegando a cantar na França, Alemanha e Bélgica.

     Roberto Ribeiro foi um cantor completo. Tinha excepcional qualidade vocal e sempre emocionou seu público, como também os músicos que o acompanhavam. Como disse, certa vez, Nei Lopes:“ Roberto Ribeiro foi o cantor das dores e das alegrias de seu povo”. Seu domínio de palco era extraordinário, facilitado pelo porte elegante, simpatia e um guarda-roupa impecável, normalmente sob os cuidados da esposa Liette. Foi a mais bela voz de samba, na sua época. Cantou com paixão pelo ofício e por amor aos seus fãs. Será, sempre, lembrado como um dos maiores representantes da arte de cantar.

Nota- Em 2006, sua esposa Liette de Souza Maciel publicou, pela Editora Potiguar, o livro Roberto Ribeiro – Dez anos de saudade. Sua leitura é fundamental para conhecermos detalhes de sua trajetória artística.