Homenagens

Paulo Moura: clássico no popular e popular no clássico

Por Luís Pimentel - 13/07/2010

O clarinetista, saxofonista, flautista, compositor e maestro Paulo Moura, que a música brasileira perdeu para um câncer linfático nesse 12 de julho de 2010, era músico desde sempre. Filho de um clarinetista e mestre de banda, chamado Pedro Moura, e irmão dos trompetistas e trombonistas José, Alberico e Valdemar, sempre falou a língua dos instrumentos de sopro e das harmonias.

Ainda muito novinho começou a estudar piano e na adolescência já atuava em bailes, com o conjunto do pai. Nascido no interior paulista, em 1933, Paulo desembarcou no Rio de Janeiro, com a família, na época de cursar o científico. Ingressou na Escola Nacional de Música, onde obteve o diploma de clarinetista. Estudou com Paulo Silva e Lincoln Pádua (teoria, contraponto e música), Guerra Peixe e José Siqueira (harmonia, contraponto e fuga), Moacir Santos (orquestração) e com o Maestro Cipó (arranjos populares). Ou seja, conhecimentos jamais lhe faltaram. O talento veio de berço.

Paulo Moura tocou com todos os grandes da música nacional e internacional. Gravou inúmeros discos, e num dos últimos, ao lado do pianista e grande compositor João Donato (Dois panos para manga, Biscoito Fino), mostrou que estava no melhor de sua forma artística, deu um verdadeiro show.

Erudito e popular, o maestro Paulo Moura transitava com desembaraço, sem ranço ou constrangimento, por todos os ritmos da música brasileira. Tinha formação clássica e embocadura de gafieira. Erudição e jogo de cintura. Talento e charme que ficarão marcados para sempre na história da MPB. Vai demorar um tempão para a gente ter outro igual.