Homenagens

Os dedos prodigiosos de Maria Teresa Madeira

Por Gerdal José de Paula - 19/12/2013


Faz tempo que não vejo em trânsito pelo bairro uma ilustre vizinha, Maria Teresa Madeira, pianista de dedos prodigiosos. Morava ali pela Marquesa de Santos ou Gago Coutinho, perto do Largo do Machado, mudou-se e, por dois amigos comuns, a cantora Thania Machado e o jornalista João Pimentel, soube que continua "no pedaço", em Laranjeiras, assistindo na sobranceira e interiorana" Cardoso Júnior.

Também faz tempo em que, postado logo atrás dela em fila de um supermercado local, pude conversar com Maria Teresa, enquanto aguardávamos vez no atendimento da moça do caixa, sobre uma admiração e uma saudade minha e dela, a também carioca Carolina Cardoso de Menezes, da musicalmente espevitada linha dos "pianeiros", falecida no último dia do ano 2000.

Justamente nesse ano, Maria Teresa fora contemplada com a Bolsa RioArte para desenvolvimento de um projeto sobre Carolina, reunindo todo o acervo desta, como executante e compositora, mas, como sói ocorrer no nosso país tropical em tal circunstância, tardam consequências esperadas, como um CD-homenagem e shows alusivos àquela que fez, com produção de Zuza Homem de Mello, em 1989, pelo Estúdio Eldorado, um elepê de piano e violino, tocados com exemplar beleza e sensibilidade, na companhia do também saudoso Fafá Lemos.

Não obstante a formação clássica no piano, como bacharel pela Escola de Música da Universidade Federal do Rio de Janeiro e pós como mestra pela Universidade de Iowa, nos EUA, também se apresentando como solista com várias orquestras, como a Sinfônica Brasileira e a Petrobras Pró-Musica, Maria Teresa, com quem já me encontrara, por acaso, em rodas de samba, também é do forrobodó. Sabe dotar o seu instrumento daquele balanço gostoso, daquela sutileza e vivacidade de toque que, na nossa discografia popular, ao som da polca, do maxixe e do choro, por exemplo, marcam presença em títulos que divide com outros grandes músicos, como o gaitista Rildo Hora (CD "Ano Novo", de 2003), o trombonista Radegundes Feitosa (CD "Trombone Brasileiro", de 1999) e o bandolinista Pedro Amorim (CD "Sempre Nazareth", de 1997).

Simpática e cordial, há anos nominando concurso nacional de piano, também como "pianeira" já se fez notar no teatro, em obras como "Theatro Muzical Brasileiro", "Festa no Céu" e "Iluminando a História", nestas duas últimas creditada, ademais, como diretora musical.