Homenagens

O polivalente Sérgio Cabral

Por Luís Pimentel - 17/06/2010

      “Um menino da Mangueira/recebeu pelo Natal/um pandeiro e uma cuíca/Que lhe deu Papai Noel/Um mulato sarará/Primo-irmão de Dona Zica”. O autor desses versos (musicados por Rildo Hora) é o jornalista, cronista, escritor, crítico, pesquisador soberano da MPB, ex-vereador, pai de governador e letrista (infelizmente, bissexto) Sérgio Cabral, recebe aqui a nossa homenagem.

Nascido num mês de maio, em 1937, dia 27, esse impecável carioca suburbano de Cascadura, que passou a infância em Cavalcanti e hoje é morador de Copacabana, está há mais de meio século na estrada, honrando e levando às alturas a nossa música popular brasileira, por meio dos livros que publicou, de jornais em que trabalhou ou que ajudou a criar e, mais recentemente, dos roteiros de musicais que tem escrito para o teatro, como o delicioso Sassaricando.

Sérgio Cabral já escreveu sobre muita gente boa, de Pixinguinha a Nara Leão, sobre as nossas escolas de samba, as mais importantes manifestações artísticas e culturais, os maiores criadores do gênero, de tudo um muito, para nossa alegria. Trabalhou em jornais do Rio de Janeiro como Diário da Noite, Ultima Hora, O Globo, Jornal do Brasil, e foi um dos criadores da mais importante publicação de humor e de idéias que nós já tivemos, o semanário O Pasquim.

Humanista de primeira hora, o vascaíno Sérgio Cabral é desses cariocas (que nem Aldir Blanc, Paulinho da Viola, Hermínio Bello de Carvalho, Moacyr Luz, Lefê Almeida, Alfredinho do Bip Bip e mais uns poucos) que levam o Rio na Lapela, que fala a língua musical desse povo mais musical do Brasil, e que recebe em troca o merecido carinho de todos. Tudo isto, sem qualquer sinal de arrogância ou de afetação. É um dos nossos grandes craques.