Homenagens

O coringa Zé Rodrix

Por Daniel Brazil - 26/05/2009

Zé Rodrix (1947/2009) jogou em várias posições no time na música popular brasileira. Surgido nos anos 60 com o grupo Momento Quatro, participando de festivais, logo demonstrou habilidade em vários instrumentos. Ligou-se ao grupo mineiro Som Imaginário, em 1969. Ali conheceu Tavito, importante parceiro com quem iria compor seu maior sucesso, Casa no Campo, gravado por Elis Regina.

Com um pé na modernidade sem fronteiras e outro na tradição brasileira, formou com Sá & Guarabyra o mais famoso grupo do chamado rock rural, na década de 70. Canções vibrantes como Hoje Ainda É Dia de Rock, Ama Teu Vizinho ou Mestre Jonas levam a sua marca pessoal e sua inconfundível voz “de besouro”. Enquanto Sá & Guarabyra tendiam para o acústico, toadas violeiras com gosto de interior, Rodrix soava mais urbano e roqueiro.

Após dois aclamados discos partiu para carreira solo, formando a Banda dos Mágicos e lançando o disco I Acto. Ao mesmo tempo em que passou a trabalhar com publicidade, compondo alguns jiualhar com publicidade, compondo alguns jungles ueiro. ngles de grande repercussão, também experimentou o teatro, escrevendo, atuando e fazendo direção musical de vários espetáculos.

Mostrando mais uma faceta musical, estourou nas paradas em 1976, com Soy Latino Americano, parceria com Livi. Em 1979 escreveu uma série de canções com Paulo Coelho, lançadas no disco Sempre Livre.

Dono de um estúdio em São Paulo, envolveu-se cada vez mais com a criação publicitária. Participou nos anos 80 do histórico grupo Joelho de Porco, de seu sócio Tico Terpins, chegando a gravar dois LPs de forte apelo satírico. Pra se ter uma idéia uma das músicas, Um Trem Passou por Aqui, era dedicada à perna do Roberto Carlos...

Rodrix foi excelente músico e compositor de bons momentos, mas se ressentia por não ser mais reconhecido. Afastado do sucesso radiofônico desde os anos 80, seu espírito irreverente não poupava ironias e críticas à elite da MPB. Polemista assíduo em várias listas da Internet sobre música brasileira, criou a sigla MPBdQ (MPB de Qualidade), ironia com a qual fustigava Gil, Caetano, Djavan & cia.

Muitas vezes chamado de “comercial”, na época de Soy Latino Americano, Zé Rodrix assumiu seu lado de hit maker sem pudor. Compôs trilhas para filmes, peças e novelas de TV. No entanto, nunca deixou de compor música “não comercial”, atuando com diversos parceiros, famosos ou não. Nos últimos anos participava de eventos com jovens músicos de São Paulo, notadamente do Clube Caiubi. Dedicou-se também à literatura, escrevendo uma alentada trilogia baseada em fundamentos maçônicos.

Polêmico. Piadista. Generoso. Chato. Implacável. Subestimado. Superestimado. A personalidade de Zé Rodrix se confunde com a obra e qualquer destes adjetivos é possível, dependendo do ponto de vista. Mas uma audição seletiva e isenta de suas canções vai trazer à tona um compositor capaz de soluções originais, letras criativas e múltipla inspiração.