Homenagens

Monarco, sempre Monarco

Por Luís Pimentel - 16/09/2008

Carioquíssimo do Bairro de Cavalcanti, o cantor de voz de veludo e compositor de canções de cetim Monarco (na pia batismal, Hildemar Diniz!) faz 75 anos neste 2008 (sei que não há quem diga, mas podem acreditar. Nasceu em 1933, no dia 17 de agosto). Está entre os mais brilhantes criadores de sua geração (incluindo aí a geração imediatamente anterior e a que vem logo a seguir) e é um poço de delicadeza e elegância. Escrevi uma vez, em crônica de jornal, que se tratava de um dos homens mais bonitos e dignos que eu conheço. Repito e volto a assinar embaixo.

Um dos mais jovens integrantes da Velha Guarda da Portela (para ele e para todos nós, seus fãs, motivo de grande orgulho), tem sambas antológicos gravados pelos maiores intérpretes do gênero: Zeca Pagodinho, Beth Carvalho, João Nogueira, Roberto Ribeiro, Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Clara Nunes e Teresa Cristina estão entre eles.

São pelo menos seis décadas no corpo-a-corpo da música brasileira, do samba de morro ou do asfalto, criando sucessos, histórias, admiradores, filhos e netos – que, não por acaso, seguem os passos certeiros do pai e avô, como comprovam Marcos, Mauro e Julilana Diniz. Nesta vida de trocas, afetos e parcerias, teve parceiros do naipe de Chico Santana, Alcides Dias Lopes (o Malandro Histórico da Portela), Manacea, Mijinha e Candeia, entre tantos outros. Entre os mais recentes, se destaca Ratinho de Pilares, com quem fez as pérolas do estoque Coração em desalinho (primeiro grande sucesso de Zeca Pagodinho), Tudo menos amor, e Vai vadiar. Com o filho Mauro Diniz, outro bamba de primeira hora, já fez sambas belíssimos como Nem pensar em te perder.

Sua voz está em alguns discos gravados (pouquíssimos, comparando com o seu enorme talento) aqui e no Japão, e nos discos da Velha Guarda, onde brilha também como compositor. É mestre entre os mestres, sem favor nenhum. Para Monarco, hoje e sempre, todas as nossas mais sinceras homenagens.