Homenagens

Jacob, sobrenome Bandolim

Por Luís Pimentel - 05/02/2010

Gênero brasileiro por excelência e carioca por adoção, o choro – que imperou durante muito tempo nas rodas e nos saraus – está novamente com tudo, quando jovens músicos e belos grupos se espalham pelos palcos brasileiros. Grandes nomes o choro legou à música brasileira, e um desses nomes, conhecido e admirado por todos os que curtem o gênero, é o mestre Jacob do Bandolim, aniversariante de fevereiro (nasceu no dia 14 deste mês, em 1918).

Jacob Pick Bittencourt foi um, o compositor genial e soberbo instrumentista, cujo instrumento passou a fazer parte de seu nome. Seu nome e seu admirável trabalho ficaram marcados definitivamente como a principal referência brasileira no bandolim – instrumento que ganhou com ele dignidade, fama, nome e sobrenome. Verdade que outros músicos já tinham ganhado a vida com o bandolim – como é o caso do grande Luperce Miranda (1904-1977), pernambucano que começou a tocar bandolim e piano aos 15 anos e que na década de 20 integrou o grupo Turunas da Mauricéia –, mas como Jacob, jamais houve outro.

Nosso homenageado começou a tocar muito cedo, mas por jamais confiar inteiramente na vida incerta dos músicos, exerceu diversas atividades para sobreviver. Trabalhou com vendas, corretagem, foi prático de farmácia, comerciante e até escrivão – profissão que encarou até morrer, em 1969, com apenas 51 anos de idade.

Entre as suas obras mais conhecidas, regravadas e tocadas, estão choros que se integraram definitivamente às páginas mais nobres da música brasileira, como Doce de coco, Noites cariocas, Receita de samba, Assanhado, Vibrações, A ginga do Mané, Treme-treme, O vôo da mosca e outros. Tocou com os maiores, ensinando e aprendendo com eles, gente como César Faria, Dino 7 Cordas, Jonas, Carlinhos, Giberto e Jorginho, no histórico regional Época de Ouro, do qual foi um dos fundadores.

Em 1947 Jacob gravou seu primeiro disco solo. Mas durante sua trajetória artística ele deve ter participado da gravação de mais de 400 músicas, em centenas de discos 78 e 33 rpm. Gravou outros, diversos discos, com músicas suas e de outros autores (foi um dos que mais gravou Waldir Azevedo e Pixinguinha), e se apresentou tocando algumas vezes. Uma de suas últimas apresentações foi em um show com Elizeth Cardoso e o Zimbo Trio, em 1968 – que resultou na gravação de um LP. Filho de Jacob, o compositor Sérgio Bittencourt homenageou-o, na década de 70, com um samba que fez muito sucesso, Naquela mesa ("Naquela mesa tá faltando ele/E a saudade dele/Está doendo em mim"), gravado por Elizeth Cardoso, cantora que ele descobriu.