Homenagens

Este Paulinho que passou em nossas vidas

Por Luís Pimentel - 07/11/2007

Desde o dia em que um Rio passou em nossas vidas – e lá se vão mais de três décadas – que nunca mais conseguimos viver sem ouvir Paulinho da Viola. Viemos com ele, de lá para cá, chorando e cantando, gemendo e dançando, no mar que nos navega ou nos sinais fechados.

Ele diz que a homenagem foi para a Portela, mas não importa; foi para todos nós. Desde o primeirão (Pode ser ilusão), composto em 1962 para a União de Jacarepaguá, passando pelo Sargento de milícias que soltou a águia em 1966, que esse escorpiano de 12 de novembro prova que beber do samba não provoca ressaca. Pelo contrário, faz dormir pesado e acordar mais leve.

Instrumentista de primeiríssima qualidade – ouçam os solos dos choros chorados –, intérprete que carrega nas cordas vocais a malícia e a embocadura do samba, e amigo de todas as horas dos seus amigos – a turma da Velha Guarda da Portela que o diga –, Paulinho ganhou o apelido carinhoso de “Príncipe do Samba” não por exibir qualquer traço ou ranço de nobreza; mas pela invejável elegância com que trata o gênero, os ouvintes e os seguidores.

Volta e meia ele fica um tempão se gravar. Depois, outro tempão sem fazer shows. Mas não é para fazer fita ou bancar o difícil. É que Paulo César Faria, filho do também nobre violonista César Faria, como o seu pai sabe o quanto o mercado fonográfico é complicado. E jamais se mostraram interessados em virar “mercadoria”.

Um país que tem Paulinho da Viola não pode ser de todo ruim.