Homenagens

Cristina Buarque: a paulistana mais carioca de Paquetá

Por Luís Pimentel - 28/01/2010

Ela nasceu em São Paulo, mas por descuido, pois é uma das mais autênticas cariocas que o Rio já hospedou, nadando de braçadas em Botafogo ou Copacabana (com passagens luminosas pela Lapa noturna), e agora até em Paquetá.

Cristina Buarque, aniversariante de dezembro, uma das mais lindas vozes do samba, cultiva um sorriso inesquecível e pedrigee invejável: é filha dos intelectuais, pensadores e humanistas Sérgio Buarque de Holanda e Maria Amélia Cesário Alvim, irmã dos cantores e compositores Chico, Miúcha e Ana de Holanda, prima adotiva de todas os mestres da Velha Guarda da Portela, dos maiores compositores da nossa história, dos melhores intérpretes e arranjadores, e também dos grupos musicais que hoje fazem o samba soar mais alto – estão aí os craques do Terreiro Grande que não me deixam mentir.

Aliás, para falar de Cristina temos tantas verdades deliciosas, que a gente nem precisa mentir: é a pessoa que melhor conhece puros repertórios sambísticos, não carta marra nem exibe sobrenome onde quer que esteja, os amigos atestam que é uma das melhores companhia que se pode ter em volta de uma mesa de bar (taí o povo do Bip Bip para confirmar!), colegas de profissão dizem que é uma das mais profissas companhias em um palco e quem já a ouviu contando piada jamais esquecerá.

Mistura do charme de Aracy de Almeida com a picardia de Wilson Batista (ambos já cantados e homenageados por ela em discos excelentes), timbre vocal que pode acompanhar o mano Chico ou ídolo Monarco, sempre nos dando a impressão de que cantar é simples e fácil, Maria Christina Buarque de Holanda é coisa nossa, produto de fina estampa, categoria como poucos e admiração de muitos, marca registrada do que há de melhor na arte brasileira.