Homenagens

A bela carreira de Teresa Cristina

Por Luís Pimentel - 25/01/2011

Uma vez ela me contou, numa entrevista para jornal: “Candeia tinha um jongo que dizia: Esse jongo é de Deus, crioula... e o meu pai falava: Essa música é sua. Eu retrucava: O que é isso, pai? Não sou crioula. Eu não queria ser negra, acho até que tinha um pouco de vergonha. Quando reencontrei o disco, já com a cabeça feita, pensei: Puxa, meu pai tinha bom gosto à beça. Comecei a pesquisar sobre o Candeia e a gostar de tudo”.

O autor de Peixeiro granfino foi o primeiro, e daí foi um pulo para todos os grandes compositores brasileiros, com ênfase nos bambas da Velha Guarda da Portela. Também para os contemporâneos – tem um disco inteiramente dedicado à obra de Paulinho – e, em seguida, para os próprios recursos criativos. Começou a compor e já tem uma obra considerada.

Teresa Cristina nasceu no Rio de Janeiro, em 1968, no último dia (quando o ano não é bissexto) de fevereiro: 28. A carreira, que tem pouco mais de uma década, começou quando ela reuniu craques da voz e dos instrumentos como Bernardo Dantas, João Callado, Pedro Miranda e Ricardo Cotrim, para montar um show em homenagem ao ídolo Candeia. O show não aconteceu, mas o grupo começou a se apresentar no Bar Semente, na Lapa, e o nome do bar virou nome do grupo (que acompanha ela até hoje).

– Os meninos do Semente fazem parte de minha história e são a minha história. Quando os conheci, já eram todos músicos. Tiveram paciência infinita com minhas inseguranças, foram fundamentais – ela me contou, também.

O disco em homenagem ao Paulinho – outra de suas admirações – foi o primeiro e chama-se A música de Paulinho da Viola. Depois vieram os CDs A vida me fez assim, O mundo é meu lugar, Delicada e Melhor assim, este último lançado no ano passado. A conheci no final dos anos noventa, em rodas de samba como as do Bar Bip Bip, e sempre tive enorme carinho e admiração por Teresa Cristina.

Torço por ela e por sua arte, sempre.