Especial

Os sambas que dizem ao Tomaz

Por Manuela Trindade e Aldir Blanc - 30/06/2015

Vinte e sete anos vividos entre o carnaval de rua e as rodas de samba, no pandeiro, seu primeiro instrumento, no cavaco ou cantando. São os aprendizados dessa história musical que o cantor Tomaz Miranda mostra no seu primeiro disco ‘Os sambas que me dizem’, a ser lançado dia 13 de julho, às 19h30, no teatro Rival.

Com texto de apresentação de Aldir Blanc, o trabalho tem no repertório músicas de compositores novos na cena musical - Raul DiCaprio, Leandro Fregonesi, Manuela Trindade, Thiago da Serrinha, Lazir Sinval, Abel Luiz, entre outros, e o próprio Tomaz -, de experientes parceiros de roda - Paulinho do Cavaco e Luís Pimentel - e de nomes conhecidos como Moacyr Luz, Toninho Geraes e Toninho Nascimento. Há espaço, também, para uma música inédita de Nelson Cavaquinho, gravada com a participação de Beth Carvalho. Moacyr Luz, Lucio Sanfilippo e Toninho Geraes completam o quarteto de participações.

Sendo cantor do Simpatia é Quase Amor, do qual Tomaz faz parte desde seu nascimento - o pai é um dos fundadores -, o bloco não poderia ficar de fora. Foi lembrado no samba ‘Simpatia de Moraes’, com o qual o bloco desfilou em 2013, ano do centenário de Vinícius de Moraes.

São sambas enredo, de breque, de roda e de botequim. São sambas que dizem muito sobre o jovem cantor e compositor. E que depois de tantos anos no batuque, ele decidiu contar pra gente.
Eis aqui o texto do Aldir:


TALENTO E SIMPATIA

"O primeiro CD do Tomaz permite ao apresentador seguir vários caminhos. Isso já diz bastante sobre a importância desse lançamento. Escolhi a trilha clássica, a partir de Noel Rosa: samba não se aprende no colégio - a menos que a escola seja a rua e o povo. A aprendizagem de Tomaz Miranda é impecável. Ele é, para minha maior alegria, um bendito fruto do Simpatia é Quase Amor. Aprendeu bem e depressa.

Em tempos de cópias das cópias, de clones dos clones, de coveiros e plagiários, de comerciantes fantasiados de "gênios" babacas, todos em suas respectivas tocas e igrejinhas, Tomaz é clara e brilhante exceção. Até os cornos e o cabelo do presidente do senado são falsos - mas Tomaz prefere a criatividade e o talento com jeito de veterano.

Outra jóia do tesouro de Noel - que não tem "alma roqueira" coisa nenhuma - vem à memória: o samba nasce do coração. E é com um coração generoso que o jovem Tomaz pega o pião na unha. Canta e compõe com personalidade ímpar, não imita, não joga pra torcida em comerciais cascateiros. Sua angústia de influência, e há de tê-las, não aparece, a menos que seja para o compararmos ao que tivemos e (ainda) temos de melhor.

Com minha hora de passar o bastão cada vez mais próxima, o trabalho de Tomaz me tranquiliza. Também me comovo ao ouvir a precisão dos músicos, e o reencontro com amigos queridos no repertório."

Aldir Blanc
Maio de 2015

BIOGRAFIA
Iniciou os estudos musicais aos seis anos na ProArte, na oficina de musicalização do professor Luis Carlos Tcheco. Depois, aos dez, estudou piano clássico e, aos doze, piano popular.

É formado em música - Bacharelado em Arranjo - pela UNIRIO.

Tomaz é cantor e diretor do Simpatia é Quase Amor, um dos principais blocos de carnaval do Rio de Janeiro. Hoje, comanda o carro de som nos desfiles.

Como cavaquinista, fez parte dos grupos Vai-da-Valsa e Coisa & Tal, nascidos dos encontros musicais no Bip-Bip, além de acompanhar o cantor Lucio Sanfilippo e a cantora Marina Iris. Também bate ponto aos domingos com o Grupo Acerta o Passo para a roda de choro do Restaurante Barsa, na CADEG.

Já acompanhou grandes nomes do samba como Monarco, Luiz Carlos da Vila, Tantinho da Mangueira, Alcione, Sombrinha e Delcio Carvalho.

Lançou-se em carreira solo no dia 17/07/2012 com o show "Nossa Roda de Samba", que ocorreu no Centro Cultural Carioca. Em 2013, foi finalista do concurso Novos Bambas do Velho Samba, promovido pelo Carioca da Gema, e fez shows no Rio Scenarium.

"Os sambas que me dizem", lançado em 2015, é seu primeiro disco de carreira.