Revista Música Brasileira

“Senhora e meninota”, como se declarou em recente entrevista, a eterna Maricotinha está de disco novo na praça. Ao incluir no repertório versátil uma canção por ela mesma já gravada noutros tempos, Maria Bethânia comprova que sua voz, além de ser uma das mais lindas da música brasileira é também uma das que se mantém há mais tempo inteira e intocável. A canção é a comovente e delicada “Mãe Maria” – clássico do melodista requintado Custódio Mesquita, com versos certeiros do jornalista e poeta David Nasser.
     

O disco novo de Bethânia (tão lindo quanto os mais velhos, os menos famosos ou os mais recentes) chama-se “Meus quintais” (Biscoito Fino) e traz a baiana no auge do bom gosto, deixando jorrar afeto pelos becos, quintais e moradas da infância, pelos segredos do amor, pelo encanto das vozes como na emblemática “Alguma voz” (“Quando eu ouço alguma voz/Na janela do horizonte/De alguém cantando por nós/É Deus cantando de fronte”), da dupla Dori Caymmi e Paulo César Pinheiro.

 O repertório de “Meus quintais” traz ainda compositores sempre lembrados pela cantora, como Roque Ferreira, que marca presença com quatro canções, Chico César (com duas) e Paulo Vanzolini, além da dupla Zé Martins e Zé do Norte, Adriana Calcanhoto (musicando texto de Clarice Lispector), Leandro Fregonesi e a dupla Tom Jobim e Aloysio de Oliveira, de quem ela canta a faixa extra “Dindi”.

Que bom que ainda temos Maria Bethânia cantando e gravando. Que seja por muito tempo, Dona Maricota.