Especial

Gereba e as Luas do Gonzaga

Por Daniel Brazil - 28/11/2012

O centenário de Luiz Gonzaga, cantor maior do sertão nordestino, até que tem sido bem comemorado. São dezenas de regravações, shows, novas versões, arranjos e recriações. Nos palcos, no cinema, nos estádios, nos bares e nos forrós, artistas contemporâneos não perdem a chance de relembrar Gonzagão, autor de tantas obras inesquecíveis.

Entre todas as homenagens, uma se reveste de um caráter todo especial. Gereba Barreto, músico de presença constante na música brasileira nos últimos 40 anos, já tinha uma história com o mestre sanfoneiro. Em 1974 tocou com Gonzaga na Concha Acústica do Teatro Castro Alves, em Salvador. Foi a primeira vez que Gonzaga tocou no centro da capital baiana, antes era só nos forrós da periferia.

Em 1985, surgiu um convite para conhecer a casa do mestre Lua, no sertão de Pernambuco. Ali tomou conhecimento de uma série de gravações que Gonzagão havia realizado antes de estourar nas rádios. O próprio Gereba conta para a Revista Música Brasileira:

Ele me mostrou o acervo de gravações instrumentais de seus choros e valsas. Daí pra cá foram 27 anos pra realizar seu sonho de mostrar para o publico brasileiro que ele não era só um forrozeiro. Fiquei cinco anos gravando com muita dificuldade este CD, mas taí esta bela história com nosso Lua.

De fato, a musicalidade do jovem Gonzaga (as obras são de quando eleainda ralava muito em pé de serra pra ganhar o sustento) é espantosa. As gravações ficaram um bom tempo rondando a cabeça de Gereba, até que ele resolveu convidar outros compositores para colocar letras nas melodias.

Todos que convidei para por letras nos choros e valsas aderiram imediatamente!

Pudera! Quem não quer ser parceiro de um gênio da música popular? E os amigos foram se achegando: Gilberto Gil, Lenine, Lirinha, Zeca Baleiro, Fernando Brant, Abel Silva, Bené Fonteles, J. Velloso, Carlos Pitta, Xico Bezerra, Maciel Melo e Tuzé de Abreu. E as vozes de Margareth Menezes, Jorge Vercillo, Ná Ozzetti, Flavio Venturini, Fagner, Jussara Silveira, Jair Rodrigues, Dominguinhos, Ingra Liberato, Santanna e Adelmario Coelho, além da Sinfonieta dos Devotos de Nossa Senhora dos Prazeres.

Gereba, baiano de Monte Santo que cresceu ouvindo o baião do mestre, pelejou muito mas conseguiu. O disco é uma sucessão de boas surpresas, e já pode ser encontrado por aí (Luas de Gonzaga, Tratore, 2012). Show de lançamento já é mais difícil, com esse elenco todo.

– Tenho feito o recital-palestra “Gereba toca Gonzaga” onde conto as histórias do disco, como farei no dia 30 de novembro em São Paulo. Depois sigo para Salvador onde vou me apresentar no espaço cultural da Barroquinha, dia 13 de dezembro. Aliás, dia do aniversario dele! Eventualmente podem aparecer alguns participantes do CD...

Ficamos na torcida! Mas quem quiser curtir uma boa amostra, pode ver aqui: