Especial

Da Vila, uma saudade

Por Luís Pimentel - 30/10/2008

O nosso homenageado está aqui por uma nota triste: esta lembrança é póstuma – e muito sentida por todos os artistas e curtidores da música popular brasileira, território livre em que ele tanto reinou. É o registro da nossa saudade do brilhante cantor e compositor Luiz Carlos da Vila, que a música, o Rio e o Brasil perderam no último dia 20 de outubro.

Luiz Carlos Batista – O nome artístico "da Vila" (referência à sua querida Vila da Penha, onde viveu e espalhou simpatia pela Travessa da Amizade) foi incorporado em 1977, após a entrada na ala de compositores da escola de samba Vila Isabel – foi um dos grandes poetas da MPB. Não à toa, tinha carinho especial pela obra de Candeia, que derrama poesia por onda passa. Um lutador do samba desde os tempos da Quilombo, ao lado do próprio Candeia, lutou durante seis anos contra um câncer. Perdeu essa.

Co-autor de uma preciosidade do samba-enredo, Kizomba, festa da raça (Valeu, Zumbi!), Luiz Carlos teve sua primeira música gravada na década de 1970, Graças ao mundo, interpretada pelo Conjunto Nosso Samba na década de 1970. Em 1979 compôs em parceria com Rodolpho de Souza, Tião Grande e Jonas Rodrigues, o samba-enredo Os anos dourados de Carlos Magno, com o qual a Unidos de Vila Isabel ganhou o primeiro lugar do Grupo 1B no desfile daquele ano. No ano seguinte, Beth Carvalho interpretou duas composições de sua autoria: Herança (c/ Adilson Victor e Jorge Aragão) e a emblemática e melodicamente riquíssima O sonho não acabou.

Luiz Carlos da Vila – que fez no ano passado, pelo sele MEC, um belo disco ao lado do parceiro Cláudio Jorge, Matrizes, nos deixou canções como A luz do vencedor (c/ Candeia), A vida é assim (c/ Carlos Senna e Otacílio da Mangueira), Além da razão (c/ Sombra e Sombrinha), Arco-íris (c/ Sombrinha), Beth Carvalho, a enamorada do samba (c/ Iba Nunes, Edmundo Souto e Paulinho Tapajós) e Cabô meu pai (c/ Moacyr Luz e Aldir Blanc).

Sua alegria e sua poesia já estão nos fazendo falta.