Especial

25 anos de Paralamas do Sucesso

Por Felipe Silvany - 12/12/2007

Passaram-se 25 anos. Pois é, os garotos paralâmicos, que contavam sobre um tal Vital, viraram os senhores do sucesso, de revelação após o Rock in Rio 85 à influência para as bandas que acabam de surgir.

O ano era 1982, o Brasil havia acabado de entrar na década considerada por muitos como a “década perdida”. Década perdida nada! O Futebol viu a magia no seu mais concreto exemplo físico; era a seleção brasileira de 82, “voa canarinho, voa”, não trouxe a taça, a tragédia do Sarriá quase matou muito brasileiro de depressão mas a posteridade sempre lembrará do Brasil de Zico, Sócrates e Falcão e não da Itália de Rossi. A política iniciava o seu espírito de democracia e começávamos a nos livrar dos coturnos dos velhotes militares que já nos atordoavam a 20 anos; a música recebia uma injeção da influência norte-americana, apoiada pelo regime ditatorial, é lógico. As boates, desde a década de 70, tocavam a música “disco”, os clubes lotavam e a garotada se esbaldava ao som de Billy Paul e Abba, o cenário era esse lá pelos 80´s.

Muita gente nem sabe, mas o Vital, o tal dono da moto, foi o primeiro baterista da banda, porém na primeira grande apresentação realizada numa faculdade o Vital sumiu. Os Paralamas passaram o dia inteiro procurando o cara, e nada. Ninguém achou o Vital, ele virou lenda. Se não tem o Vital, chama o João, e ele tá na bateria da banda até hoje.

O grande palco inicial dos Paralamas foi o Circo Voador, no começo eles abriam os shows de Lulu Santos. O circo foi ambiente também para as apresentações da Blitz, que inundou o Rio de Janeiro do Rock discontraído, além do Barão Vermelho que tinha um Cazuza endiabrado e cheio de energia e juventude. Tinha o Kid Abelha também com Paula Toller, que segundo Rita Lee, “canta fácil” e que foi inspiração para algumas composições dos Paralamas após o romance com Hebert. Sorte daqueles que puderam viver o clima do Rio de janeiro nos anos 80 e acompanhar os épicos shows do Circo Voador.

Os Paralamas fizeram muitos shows, foram símbolo juntamente com outras bandas, de uma década, tocaram e fizeram sucesso em Buenos Aires mas talvez o ato mais importante deles tenha sido apresentar para o cenário do Rock Brasileiro outra banda de três integrantes vinda de Brasília, a Legião Urbana; assim como outras musicas que expressavam a indignidade dos jovens para com a situação do nosso país, “geração coca-cola” chegou aos ouvidos de Hebert, Bi e João, atitude bem punk revelando a invasão dos enlatados americanos “de 9 as 6”. No show “Como é que se diz eu te amo?” de 1994 que mais tarde virou CD em 2001, ao comemorar 10 anos de banda o público iniciava os parabéns quando Renato Russo disse: “Brincadeira, quem deu força pra gente foram os nossos grandes amigos, os Paralamas do Sucesso, que são os nossos padrinhos, e nunca se esqueçam disso, eles entregaram uma fita com uma musica e o pessoal gostou...”

Talvez o disco mais importante e representativo dos Paralamas seja “Selvagem?” de 1986 que tem o irmão de Bi na capa e que mostra uma banda bem ligada ao SKA (que é um estilo musical jamaicano, surgido nos anos 50), o reggae, o Rock, além de já flertar com o DUB presente nos últimos CD´s. Foi nessa época que a banda iniciou sua invasão pela América Latina, uma viagem com sucesso, na Argentina os Paralamas tem um publico fiel até hoje. Hebert sempre conta uma história em que um fã argentino ao entrar no camarim após um show disse: “Quando é que os brasileiros vão entender que Paralamas é uma banda argentina que canta no melhor português? ”

Selvagem foi importante, mas 16 anos depois outro disco deve ser considerado de grande valia para os Paralamas, se o disco de 86 representava um começo, Longo Caminho (2002) representou um recomeço; após o acidente que vitimou Lucy e quase nos levou Hebert, a banda voltou 2 anos depois como se estivesse iniciando a partir dali; o Rock na acepção radical, da raiz, é guitarra, baixo e bateria, as músicas “O Calibre” e “Soldado da paz” mostram muito bem isso. Para agradar os fãs argentinos a música “La Estación” com uma influencia da musica Latina, uma salsa com Rock. Outra música legal é ”Running on the Spot”, nela os Paralamas parecem uma daquelas bandas dos anos 60, com a batida bem Beatles.

O ultimo disco, “Hoje”(2005) trouxe de volta os metais que sempre foram figura marcante desde o começo da carreira. Uma balada romântica (“De perto”) encabeçou a lista de sucessos do CD. Aliás, fazer sucesso com musicas que tem como tema principal o amor não é novidade para eles, é só lembrar de “Aonde quer que eu vá”, “Cuide bem do seu amor”, “Quase um segundo”, “Romance Ideal” e outras.

Mais 25 anos de banda é difícil, porém ainda podemos esperar muito dos Paralamas, as velhas experimentações em musicas novas, ou as novas experimentações em músicas novas; certo é que a banda foi marca de uma década e se perpetuará nos ouvidos de pessoas de outras gerações. Pare e pense: seus pais gostavam de Paralamas, você gosta de Paralamas, pode ter influenciado seu irmão mais novo, ele vai passar a gostar naturalmente e assim segue, com seu sobrinho, filho, neto...