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Pitanga em tempo de colheita

Por Daniel Brazil - 03/06/2016

Existem inúmeras bandas de rock, de pop, de reggae, de samba ou de forró no Brasil. Mas banda de MPB, aquela coisa meio indefinível que se delineou nos anos 60, na época dos grandes festivais, e que é identificada hoje com a obra de nomes como Chico, Milton, Gil e Caetano, entre outros mestres, é outra coisa.
O quinteto Pitanga em Pé de Amora já ultrapassou a fase de ouvir risadas ao ter o nome citado. “Pitanga... o que?” Depois de dois elogiados CDs e apresentações em palcos de públicos variados, é visto hoje como uma das mais originais bandas de música popular brasileira do país. Uma banda de MPB, enfim. Com influências confessas daquele time citado acima, e mais um monte de gente que veio pouco depois. Ou muito antes.
São cinco músicos com diversas habilidades e afinidades. Daniel Altman (violão de 7 cordas e guitarra), Angelo Ursini (sopros), Diego Casas (violão, voz e letras), Gabriel Setubal (trompete, violão e voz) e Flora Popovic, cantora e percussionista.
A Revista Música Brasileira conversou com integrantes da banda, por e-mail, e mostra aqui o que se passa na cabeça dessa turma.
- Faça um resumo de como vocês se conheceram e começaram a pensar no formato debanda.

Somos amigos há muito tempo. Nos conhecemos desde a escola! E desde esse tempo que começamos a tocar e a se reunir na casa do Diego, que já colocava letra nas músicas dos amigos. A Flora entrou depois, e com ela fazendo percussão, encontramos uma sonoridade diferente, acústica e que agradava a todos.

- Desde o início da carreira vocês são identificados com aquilo que se convencionou
chamar de MPB, com algumas influências latino-americanas. Este foi um caminho natural ou uma decisão pensada, planejada?

A sonoridade do Pitanga sempre se deu de forma natural. Quando encontramos a sonoridade do quinteto, ela naturalmente já vinha carregada dessas influências latino americanas, pois isso já vinha do caminho de cada um. Isso também foi um elo forte para que a gente se unisse e começasse a banda.

- Vocês acompanham de perto o trabalho de outras bandas da mesma geração? Interagem com eles, trocam figurinhas?

Sim! Inclusive nós acabamos tocando com outras bandas também. O Angelo tem umtrabalho bem bonito com o Araticum e o Gestos Sonoros, o Ga já acompanhou a Trupe Chá de Boldo e o Garotas Suecas… Acabamos dialogando bastante ultimamente com os meninos do 5 à Seco, gravamos na Gargolândia que é a casa do Pedro Altério. Já convidamos o Marcelo Segreto do Filarmônica de Pasargada para participar de um show, assim como a Bruna Caram e a Vanessa Moreno.

- Esta é uma banda sem crooner, sem vocalista principal. Há canções com voz solo, e
outras harmonizadas. Vocês fazem arranjos para voz ou isso emerge naturalmente nos ensaios?

Isso emerge nos ensaios. Quando a gente conhece a música pela primeira vez, quer dizer, melodia e letra, já sai um dizendo que quer cantar e tal. Começamos a explorar mais as vozes nesse segundo disco, o Pontes para Si, também por um caminho de dividir mais o front. Todos queriam defender, então vamos pensar em um jeito que todos cantem! E nada melhor do que isso do que abrindo as vozes.

- Quais os próximos passos da banda?

Depois de lançar o clipe da canção Sonhos Lúcidos (bela animação de Deco Farkas), no Auditório Ibirapuera, vamos para Belo Horizonte fazer nossa estreia em terras mineiras. E em agosto vamos para a Europa. Temos shows marcados em Berlin, Frankfurt (Festival Stoffel) e Lisboa. Vai ser demais!