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A força própria de Mauro Aguiar

Por Luís Pimentel - 17/06/2010

Poeta da canção, desses que conhecem a melodia exata do verso enquanto letra de música, o compositor Mauro Aguiar – agora se revelando também um cantor de bom timbre vocal, recursos sutis e apropriados – lança o primeiro seu disco, Transeunte (Biscoito Fino), com expressiva mostra do cardápio variado de sua produção artística, ao lado de parceiros à altura do seu talento.

Orientado pela delicadeza, experiência e leveza do grande compositor, arranjador e maestro Mário Sève, responsável pela produção musical do CD, Mauro levou ao pé da letra e da melodia a recomendação: “Procure sua verdade na música, o que vier daí terá força própria”. Procurou, encontrou e exibiu força própria de veterano. Fez um disco marcante, estréia de craque.

As letras de Mauro Aguiar, musicadas por uma turma que vem jogando na ponta de lança da MPB – Edu Kneip, Kalu Coelho, Rodrigo Lessa, Eduardo Neves, Guinga, João Nabuco, Zé Paulo Becker, Mário Sève e Xande Fróes), na tradição dos bons letristas brasileiros, são poesia em estado ritmo, em galope inspiração, todas extremamente bem cuidadas na feitura. Só um exemplo: “Não se atormente eu tô levando a Carioca/Pouco me importa o peso do meu coração/Quando eu chegar o chão rachado a gente toca/E bota tudo ladrilhado no sertão” (Baião da Guanabara, em parceria com o virtuose das cordas Guinga).

Não sei há quanto tempo o Mauro está na estrada, ou se demorou para gravar o primeiro trabalho solo; mas o fez na hora certa, na certíssima medida. Corram atrás.