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É hora de jazz

Por Victor Torvi - 04/03/2011

O jazz não é simplesmente um estilo musical; é um jeito de fazer música. Por isso, a música e os músicos do mundo pegaram o modo de fazer e levaram para casa, para cortar, colar, costurar, bordar... Esse estilo influenciou e muito na música brasileira, assim como o Brasil, e a sua música, influenciaram o jazz. São anos de movimentos de cá e de lá, de troca, de intercâmbio. Gente estudando, ouvindo, juntando e misturando tudo.

A sala municipal Baden Powell, em Copacabana, no Rio de Janeiro, apresenta dos dias 17 a 20 e de 24 a 27, quinta a domingo, de março, com início às 20hs, a primeira edição do festival “A influência do Jazz“, idealizado e produzido pela cantora Andrea Dutra (foto). Sobem ao palco, além de Andrea, cantores experientes e consagrados como Leila Maria e Tomás Improta, Áurea Martins, Clarisse Grova, Cláudio Pinheiro, Sanny Alves, Indiana Nomma e Thais Motta.

Para se ter uma idéia da importância desses artistas para a música brasileira, Clarisse Grova que será a primeira cantora a se apresentar (quinta-feira, 17) foi elogiada pela crítica logo em seu primeiro CD autoral, lançado em 2003: Superlisa “Trata-se do mais bem-sucedido casamento da MPB com a música eletrônica.” (Hugo Sukman – O Globo). De acordo com Rui Castro, Clarisse é uma das últimas cantoras “Puras” do Brasil.

Na sexta (18) sobem ao palco Leila Maria e o pianista, arranjador e compositor Tomás Improta, que começaram sua parceria em uma apresentação na Livraria Bookmakers, na Gávea e desde essa época os dois vêm se firmando com grandes apresentações. Leila recebeu em casa influências musicais do pai, que gostava de discos de jazz e da mãe que tinha entre seus cantores favoritos Ângela Maria e Dalva de Oliveira. Ed Motta considera a artista “uma das cantoras mais vivas do mundo”.

No sábado (19) é a vez da cantora carioca Andréa Dutra, que foi vocalista de Tim Maia, Sandra de Sá, Serjão Loroza, Mart’nália, Danilo Caymmi, Dona Ivone Lara e Seu Jorge e foi a primeira mulher a puxar um samba no Suvaco do Cristo. Desde 2001 integra o Arranco de Varsóvia, Prêmio Tim de Melhor Grupo de Samba de 2006. Cantou durante cinco anos nas tardes de sábado da Modern Sound, com o Andrea Dutra Quarteto, que este ano completa 10 anos e atualmente é residente do Triboz, na Lapa, onde se apresenta todo primeiro sábado do mês, com um repertório de standards de jazz, brazilian jazz e MPB.

Claudio Pinheiro, é a voz no domingo (20). Um dos fundadores, ao lado do guitarrista João Castilho, da banda Mr. Jazz que alcançou repercussão expressiva durante a década de 90, o cantor se apresentou nas mais importantes casas de espetáculos e teatros do Rio de Janeiro. Foi considerado pelo ícone da crítica musical brasileira, José Domingos Rafaelli, uma das maiores revelações do cenário nacional, naquela década. Integrou a Rio Jazz Orchestra durante mais de dez anos e foi vocalista da lendária Rio Sound Machine por quase o mesmo tempo.

Na outra quinta (24) a atriz e cantora Sanny Alves quebra tudo. A vocal é Integrante da Companhia Ensaio Aberto, trabalhou nos musicais “Missa dos Quilombos”, com música de Milton Nascimento e “Havana Café”, indicado ao prêmio Shell de Teatro e no espetáculo A Pedra do Cais, um Tributo ao dia da Consciência Negra. Em 2008, no Teatro Ginástico-SESC, interpretou a grande Elizeth Cardoso no musical “Divina Elizeth”.

Sexta (25) a cantora hondurenha Indianna Nomma, filha de pai baiano e de mãe gaúcha demonstra para todos a influência que viver em países como México, Portugal, Nicarágua e Alemanha Oriental trouxeram à sua arte. Ela que aos 8 anos, começou a estudar canto erudito e aos 13, piano. No Brasil, explorou o teatro e o canto coral o que levou-a a turnês por Costa Rica e Nova Iorque, no Carnegie Hall. Conhecida pela voz grave e versatilidade em vários estilos, Indiana faz a síntese de 8 anos de carreira, através de projetos como: Indiana Nomma Jazz Trio, Tributo a Tim Maia, Tributo a Mercedes Sosa, Indiana Nomma & The Soulbrothers, Indiana Nomma Na Terra Brasilis (Mpb Contemporânea) e Indiana’s Angels Band (discoteca anos 70).

Sábado (26) não tem para ninguém, Thaís Motta é a bola da vez. Atriz e dançarina, Thaís já se apresentou em muitos Festivais de Jazz e Bossa Nova, como o Mauá Jazz (RJ) e o Ibitipoca Jazz Festival (MG), quanto na Lapa na casa de shows Rio Scenarium, Estudantina e Estrela da Lapa. No seu primeiro CD, participaram grandes músicos como Ronaldo do Bandolim , Marcio Montarroyos , Chico Chagas, Marlon Mouzer, Cesar Machado, Flavinho Santos, Rogério Fernandes, Marcel Powell, Tino Jr, Paulo Williams, Jhonson de Almeida.

Para fechar o festival Aurea Martins se apresenta em grande estilo. Ela que no final de sua adolescência freqüentava clubes de jazz do subúrbio e atuava como lady crooner do conjunto dos tios em bailes da periferia. Na primeira metade dos anos 60, numa renovação do cast da Rádio Nacional, é incluída entre os novos integrantes do elenco da emissora, ao lado de Alaíde Costa, Peri Ribeiro e Elis Regina. Desde então, a artista consagrou-se como uma das mais belas vozes do cenário musical brasileiro.

A Sala Municipal Baden Powell fica na Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 360. Telefone 2255-1067. A entrada é de R$ 30 reais inteira e R$ 15 estudantes e idosos, classificação livre.