Artigos

Antonio Miranda e o mosaico “Desclassificado”

Por Laura Fernandes - 12/05/2013

O exercício da liberdade musical – ou simplesmente “cantar o que der na telha” – é o que o artista baiano Antonio Miranda apresenta no álbum Desclassificado, segundo de sua carreira. No trabalho, o cantor e compositor dialoga ritmos sem ficar preso a rótulos e, para isso, conta com a participação de conterrâneos como o guitarrista Armandinho Macêdo, o cantor Xangai e o Samba de Roda de Dona Dalva, além do cantor africano Dico Mendes.

Como o nome já dá pistas, Desclassificado vai da bossa nova ao samba carioca, passando pelo rock, samba-reggae e – por que não? – arrocha e pagode. “É um exercício de poder dialogar vários ritmos. Busco experimentar coisas, sem compromisso com o comercial ou com o dar certo. Mas fazer o certo, fazer o que acredito”, afirma Miranda, cujo trabalho está disponível no www.facebook.com/antoniomirandafernandes.

Diante da mistura, o artista explica que a influência das 13 músicas do álbum – dez próprias e três feitas com o parceiro Paulo Costa – vem de “tudo o que passou pelos ouvidos, sem preconceito”. Entre seus mestres, destaca Caymmi, Gonzagão, Noel Rosa, João Gilberto, Cartola, Batatinha, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Tom Zé, Gordurinha e Jackson do Pandeiro.

A liberdade criativa encontra-se não só no repertório do disco, mas também no encarte – mosaico com diversas faces para serem montadas – e na forma inusitada como aconteceu seu pré-lançamento. Com produção de Miranda, direção musical de André Tiganá e projeto gráfico de Daniel Kalil, Desclassificado foi distribuído gratuitamente em um sinal (sim, no meio da rua), em frente a um shopping de grande circulação de Salvador, que ele classifica como autopirataria.

Artista de “sensibilidade musical e inteligência poética”, nas palavras de Renato Teixeira, Miranda já está preparando novos versos. O compositor começou a gravar em São Paulo, na Mauricio de Sousa Produções, o “forró-rock” Vivo ou Morto. A música dá continuidade à pluralidade rítmica de Desclassificado, no qual a faixa-título dá a dica: “E para ficar todo mundo preparado/ O compositor subiu no telhado/ Deixando avisado que só faz o que lhe dá na telha”.